1 Co 3.16: ”Não sabeis vós que sois santuários de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?”
–  Ef 2.21,22: “No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor.
No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.”

 Jesus Cristo personificou em si mesmo o significado do Templo, porque a igreja é seu Corpo 1 Co 12:13: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito”; Cl 1.18: “E ele é a cabeça do corpo, da igreja, é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha preeminência. Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse.”

Ser filho de Deus é o privilégio mais sublime da salvação em Cristo (1 Jo 1:12; Gl 4:7). Deus quer que nos tornemos cada vez mais consciente de que o mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus e se somos filhos, somos herdeiros de Deus, e co-herdeiros com Cristo: se é certo que com ele padecemos para que também com ele sejamos glorificados (Rm 8:16,17). Sermos filhos de Deus é a base da nossa disciplina pelo Pai (Hb 12:6,7,11) e a razão de vivermos para agradar a Deus e saber que “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus” (1 Jo 3:9). No mundo, os cristãos são peregrinos (1 Pd 2:11), porque a morada dos cristãos está sendo preparada por Jesus Cristo no céu, por isso, não devemos ser seduzidos pelo mundo (Rm 12:2); mas permanecer no mundo (Jo 15:19); amar o mundo sem apegar-se às tentações (1 Jo 2:15); devemos ser libertos do mundo (Gl 1:13; Gl 1:4; e morrermos para o mundo (Gl 6:14).

Mundo e terra não são sinônimos: Deus não nos proíbe de amarmos a Terra com as coisas que nela foram criadas para nosso sustento e deleite. Devemos lembrar que o mundo está sob o domínio de Satanás e suas hostes malignas, mas a Igreja pertence exclusivamente ao Senhor Jesus Cristo. O alvo de Deus em nos tornar seus filhos é nos salvar para sempre e nos conformar à imagem de seu Filho amado Jesus Cristo (Rm 8:29).

O Espírito suscita a exclamação “Aba” (Pai) em nosso coração e produz em nós o desejo de sermos guiados pelo Parakletos (Rm 8:14). O cristão causa tristeza ou pesar ao Parakletos quando não dá importância à sua presença, voz ou direção (Rm 8:5-17; Gl 5:16-25; 6:7-9). Assim, entristecer o Parakletos implica em resisti-Lo (At 7:5); isto, por sua vez, leva a extingui-Lo ou apagá-Lo (1 Ts 5:19). Na conversão, quando cremos em Jesus Cristo, recebemos o Parakletos (Jo 3:3-6; 20:22) e nos tornamos co-participantes da natureza divina (2 Pd 1:4), pois o Espírito de Deus é o agente de nossa santificação (Rm 8:9; 1 Co 6:19). Ele nos purifica, dirige nossas ações e nos conduz à vida santa, libertando-nos da escravidão do pecado (Rm 8:2-4; Gl 5:16-17; 2 Ts 2:13). Ajuda-nos na adoração a Deus (At 10.45,46; Rm 8:26,27). Ele imprime em nós as qualidades do caráter de Cristo, que O glorificam (Gl 5:22,23; 1 Pd 1:2). Nos guia em toda a verdade (Jo 16:13; 14:26; 1 Co 2:10-16); Revela-nos Jesus Cristo e nos conduz em estreita comunhão e união com Ele (Jo14:16-18; 16:13). E, continuamente, Ele nos comunica o amor de Deus (Rm 5:5), nos alegra, consola e ajuda (Jo 14:16; 1 Ts 1:6).

Então, viver prudentemente é assumir na prática, o comprometimento de respeitar a vontade de Deus, porque ela não é algo obscuro, distante, inatingível. Pelo contrário. Paulo entendeu a vontade de Deus de maneira bem definida. A vontade de Deus é que vivamos cheios do seu Espírito Parakletos. O Apóstolo Paulo recomenda que os cristãos falem entre si, com salmos, hinos e cânticos espirituais ao Senhor no coração (Ef 5:19).

Efésios 5:18 apresenta a plenitude do Espírito como sendo contrária a embriaguez. Em termos práticos, podemos ver o resultado da embriaguez: “dissolução” (significa perversão de costumes, devassidão).

A pessoa embriagada não tem domínio próprio. Basta ver quantos acidentes acontecem quando motoristas dirigem embriagados. Mas não é só o vinho e a cachaça que embriagam. O amor ao dinheiro, propriedades, casas, carros e coisas materiais diversas também ofuscam, obcecam a mente humana e assim, se desviam da fé (1 Tm 6:10).

A pessoa plena do Espírito de Deus respeita seus semelhantes, tem domínio próprio e agrada a Deus. Todas as virtudes catalogadas em Efésios 5 só podem ser praticadas pela capacitação do Parakletos. Portanto, a plenitude do Espírito de Deus aponta para a santidade, enfatizando que a única prova da conversão passada é uma constante conversão presente. Consequências imediatas em: a) alguém que é cheio do Parakletos: tem um coração adorador (Ef 5:19); b) é alguém que adora a Jesus e Deus. “Quais são os verdadeiros adoradores? Paulo afirmou que a verdadeira adoração é aquela que se oferece a Deus pelo Espírito Santo, não confiando na carne, mas gloriando-se em Cristo Jesus” (Fp 3:3). Na conversa que Jesus teve com a samaritana junto à fonte de Jacó, Jesus declarou que Deus procura quem O adore em Espírito e em verdade (Jo 4:23-24). Essa realidade se faz presente na Igreja desde a vinda do Parakletos. A pessoa plena do Espírito adora a Deus com Salmos, hinos que exaltam a Cristo Jesus (em geral, encontramos vários exemplos de hinos cristológicos no N.T. Exemplo: Jo 1:1-18; Fp 2:6-11; Cl 1:15-20) e cânticos de louvor. O cristão pleno do Espírito entoa louvores com o “coração” ao Senhor. Não faz isso mecanicamente, mas movido por um desejo profundo de exaltar o Senhor, porque tem um coração grato.

Gratidão é outra marca da plenitude do Parakletos. Essa pessoa sabe reconhecer as bênçãos espirituais derramadas sobre sua vida (Ef 1:3). Sabe que é alvo do amor de Deus e que Jesus Cristo deu sua vida por ela. Que a salvação chegou à sua vida pela graça de Deus. Por tudo isso, agradece sempre. O Parakletos capacita os cristãos a discernir outras bênçãos, mesmo em circunstâncias adversas. Paulo é um bom exemplo disso. Prisioneiro, não lamentava sua situação, mas a transformava em oportunidade de salvação aos perdidos. Assim, não era prisioneiro do imperador, mas do Senhor (Ef 3:1; 4:1). Apesar das privações, era alguém que sabia viver contente em toda e qualquer situação (Fp 4:10-20). Os cristãos plenos do Parakletos enxergam além. O apóstolo Paulo enfatiza a sujeição mútua (Ef 5:21). Trata-se de cristão espiritual, que anima a comunidade. Cresce no conceito de santidade: Quem ama o seu próximo, a si mesmo se ama (Ef 5:28). Quando há mútua sujeição as pessoas se tornam cordatas e amorosas. O orgulho desaparece e reina a humildade. Há submissão e respeito uns com os outros, são voluntários na prática do bem. Essa sujeição se manifesta no relacionamento entre marido e mulher (Ef 5:22-33), no relacionamento entre filhos e pais (Ef 6:1-4) e no relacionamento de servos e senhores (Ef 6:5-9). Não dá para conceber que alguém seja cheio do Parakletos e ao mesmo tempo seja um tirano, marido infiel, pais descontrolados ou filhos desobedientes. E, sua tendência é situar a plenitude espiritual somente no período de culto. Ou como diz o hino popular o importante é estar “rompendo em fé”, não importando o tipo de vida que tem. Isso não faz sentido na vida espiritual expressa na Bíblia, porque a pessoa espiritual é alguém que tem uma ética condizente com seu comportamento cristão. Cada vez que os princípios morais são desrespeitados sem que haja arrependimento, a resistência moral diminui. Por isso a Palavra diz: “Se optarmos viver segundo a carne, caminhamos para a morte. “mas, se pelo Espírito mortificardes os feitos do corpo, certamente vivereis” (Rm 8:13). Disse Paulo: “Se…Cristo está em vós, o corpo, na verdade está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida por causa da justiça” (Rm 8:10). “Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus “ (v. 14). “Andai no Espírito e jamais satisfarei à concupiscência da carne” (Gl 5:16).

Todos esses textos e muitos outros desvendam o segredo da vitória sobre o poder da carne. É preciso andar no Espírito e viver no Espírito (Gl 5:25). Ser guiado pelo Parakletos põe em relevo o fato central de que Ele nos é concedido para realizar a boa agradável e perfeita vontade de Deus. Paulo sugere que para nos tornarmos cheios do Parakletos é preciso ser totalmente submisso ao Senhor. O próprio Jesus Cristo falou de rios de água viva: no último dia da grande Festa dos Tabernáculos, ocasião que se levantou e disse: “se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7:37-39). Devemos lembrar que da mesma maneira que precisamos continuamente beber água para nossa subsistência, também a busca da plenitude do Parakletos deve ser o alvo da santidade constante em nossa vida. O andar em comunhão diária com o Senhor assegura a plena ação do Espírito Santo na vida do cristão. Em outras palavras a plenitude do Parakletos é estilo de vida em Cristo Jesus. A Sua obra específica é, além de convencer o homem do pecado da justiça e do juízo, é purificar todos os filhos de Deus para servir ao Deus vivo (Hb 9:14).

Assim, o que Deus espera de nós é fazer a Sua vontade pela habitação plena do Parakletos em nós. Se andarmos no Espírito o fruto aparece (Gl 5:16-26). “Só é possível entrar pela porta com a vida santificada mediante um pensamento disciplinado e correto. A renovação da mente (Rm 12:2) é vital para o avanço em direção à maturidade”. O viver com sabedoria depende da vida espiritual plena, pois: Parakletos é o Agente Divino ativo que sela os cristãos no corpo único de Cristo e permanece nele (1 Co 3:16), edificando-os (Ef 2:22) e iluminando-os na prática da adoração à Deus (Fp 3:3), dirigindo a missão de cada um, escolhendo novos servos, resguardando o Evangelho contra erros (2Tm 1:14) e, especialmente santificando a todos. Tudo isso é dado àqueles que vivem na obediência a Palavra e fé em Cristo (Rm 1: 5).

Por Valdely Cardoso Brito


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