No Antigo Testamento são mencionadas três espécies de libertação:
- 1. Libertação da escravidão do Egito para se tornar um povo especial de Deus, um reino de sacerdotes e uma nação santa (Êx 19:3-6; 1Pd 2:9; Ap 1:6 e 5:10). Foi Deus que por sua soberana graça, que trouxe essa libertação (Êx 20:1-20). Essa libertação da opressão e da penúria no Egito para a liberdade e opulência da Palestina (Êx 3:8: Dt 89:7); foi libertação da servidão do Faraó para o serviço de Deus (Lv 25:55). Cada uma dessas fases da libertação de Israel do Egito pode ser encontrada no Novo Testamento.
Os cristãos estão livres da servidão de Satanás e do mundo (Ef 2:1-3; Rm 6:16) para formar um reino de sacerdotes (1Pd 2:9) e de servos do Senhor (Mt 10:24: Lc 17:10: Rm 1:1).
- 2. Libertação de escravos. A dignidade do homem era preservada na lei para a libertação dos escravos a cada 7 anos ou no ano do jubileu, o que acontecesse primeiro, e no tratamento humanitário (Êx 21:2-11; Lv 25:39-55; Dt 15:12-15; Jr 34:8:11-14).
- 3. Libertação de Israel. Se Israel obedecesse a Deus, o povo gozaria de paz e liberdade (Dt 28:1-14), porém a rebelião e a idolatria os levariam a serem escravos de outras nações (Dt 28:15-69). Entretanto uma gloriosa libertação foi prometida com a vinda do Messias (Is 61:1), e esta situação está dividida em duas partes. O Senhor Jesus Cristo citou e cumpriu a primeira. “O Espírito do Senhor está sobre mim…” para “anunciar o ano aceitável do Senhor” (Lv 4:16-20) em sua primeira vinda (v. 21), enquanto a segunda, o dia da vingança do Senhor ainda deverá ser cumprida pouco antes de seu segundo advento. Com esse retorno milenal, Ele conduzirá todos os salvos à maior libertação, da qual participarão tanto a igreja como Israel (Jl 2:32; Am 9:11; cf. Rm 11:26; Ob 17; Zc 14:1 ss (cf. Rm 4:16; Hb 11:39, 40).
No Novo Testamento a libertação assume uma natureza muito mais teológica. O Novo Testamento fala de uma libertação mais espiritual do que física. O Senhor Jesus Cristo citou Is 61:1 e falou de seu cumprimento com a sua vinda (Lc 4:16-20; confira João 8:34-36; 41:44 e Mc 3:27; cf. Lc 10:17). Suas palavras cobrem a libertação: (1) de Satanás e de seu poder ao considerarmos que estamos mortos para o pecado e que ele não terá poder sobre os salvos (Rm 6:6, 7: 11-23); (2) de Satanás e seu poder demoníaco (Lc 10:17; Cl 1:13; confira Ef 6:10-18); (3) da lei como meio de redenção (Rm 6:14; 7:5-15; 8:2-4; Gl 4:21ss; 5:1,2; (4) da abolição do cerimonialismo que acompanha a lei (Gl 2:5; Hb 7:26; 12:27); 5) da morte e do temor da morte, não no sentido de que o cristão não irá morrer mas, de que sua natureza pecadora será eliminada e ele terá um corpo ressuscitado (Rm 6:9, 10; 9:18-23; Hb 14:12-15; 6) das superstições pagãs. O cristão não é mais escravo de idéias politeístas e das práticas de paganismo (1Co 10:23; Rm 14:1 ss).
A libertação espiritual protege contra dois extremos: primeiro proibindo a libertinagem e para que a graça seja mais abundante (Rm 3:8 e 6:1,2); segundo não ensina o legalismo, isto é a salvação pelas obras, pela perfeita obediência às leis. Somente Cristo pode cumprir a lei para nossa salvação. Portanto, a autojustificação está condenada (Rm 3:19-20; Gl (5:4). A liberdade do cristão deve ser mantida por uma vida de justificação progressiva dentro dos limites da lei (Mt 5:17-19, 21, 27, 43, 48; 22:35-40; Rm 23:8-10. Gozamos de liberdade quando vivemos de acordo com seus preceitos; portanto ela é chamada de “lei perfeita da liberdade”(Tg 1:25); “lei real” Tg 2:8 e lei da liberdade (Tg 2:12). Livramento de Deus é abrangente libertação.
Por Valdely Cardoso Brito